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Kaio

 

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31 julho 2007

Dois anos de Racio Símio

É com muito orgulho e satisfação que eu anuncio que hoje, 31 de Julho de 2007, completa-se o segundo aniversário de meu principal blog, Racio Símio. Foram 24 meses e 365 posts (pois é; ironicamente, este é o número de posts até hoje!) de uma gradual evolução de meus textos e, obviamente, a minha vida como um todo.
No post de 1 ano, eu fiz uma programação mais especial, com direito a seleção dos 20 posts mais importantes dos primeiros tempos do blog. Não repetirei tal agora, visto que tive um dia exaustivo e creio que não terei paciência para escrever um texto demasiadamente longo.

Durante esse segundo ano, Racio Símio foi um registro das 'metamorfoses' pelas quais eu passei no provável melhor ano de minha vida. Após um período um pouco estranho (fim de 2004 a julho de 2006), eu consegui consolidar a minha personalidade quanto a várias coisas, desde o foco nos estudos até a capacidade retórico-argumentantiva. Não por acaso, houve uma melhora substancial nos meus textos, com um uso mais abusado de intertextualidade, sarcasmo, auto-indulgência e até metalingüística.
Não vou negar que a maioria dos posts que eu escrevi nos primeiros tempos do blog eram fracos e bobos. Felizmente, foi através da auto-crítica que eu pude progredir. A minha juventude é bem sistemática e pouco exposta a instabilidades (ainda bem, aliás), mas há alguns fatos importantes de minha vida que foram relatados em Racio Símio. Seguindo a minha tradição de fazer listas e tópicos a partir de qualquer pretexto, citarei certas ocorrências.

-> O blog funcionou como uma espécie de divã em várias situações. Alguns dizem que auto-análise é algo fajuto, mas deve ser um efeito placebo dos melhores, visto que passei a compreender a mim mesmo de uma maneira cada vez maior graças a Racio Símio. A quantidade de insights e epifanias que tive nos últimos tempos pode não ser algo do nível da Julie de "A liberdade é azul" ou da Macabéa de "A hora da estrela", mas permitiu a mim ótimas repensadas e reflexões.

-> Pude conhecer vários colegas virtuais graças a RS. Ainda mantenho contato com alguns deles, a propósito.

-> Quanto à vida amorosa, há dois períodos de relativo destaque. Entre Outubro e Novembro de 2005, eu gostei de uma garota três anos mais velha que eu. Pelos posts da época, parece que foi algo intenso e sofrido, mas creio que superestimei a situação: hoje, já entendo que nem chegou a ser uma paixão. Usando termos à la Cure, acho que foi uma 'strange attraction', talvez porque eu identifiquei-me com os gostos dela para música, literatura e cinema.
Outro caso foi em Outubro do ano passado, em relação a uma amiga virtual minha à época. Foi um sentimento mais sereno e alegre, embora efêmero, visto que as diferenças de personalidade levaram-me a rapidamente notar que seria dificílimo para mim gostar de uma pessoa com um emocional extremamente instável.
Em ambas as situações, meu lado racional prevaleceu, provando a mim algo que eu já suspeitava há tempos. Aliás, duas coisas. A primeira é que a única garota pela qual eu realmente me apaixonei até hoje foi a Tainara, entre a 3ª e a 4ª série. Pode até ser um trauma ou uma mera auto-defesa de possíveis mágoas, mas o fato é que eu nunca namorei e/ou fiquei até hoje. A segunda é que, talvez, meu egocentrismo esteja certo, e eu só conseguirei ter um relacionamento com uma moça que seja bastante parecida comigo. "Uma versão feminina de mim", como dissera no post passado.

-> Meu intelecto foi consideravelmente ampliado desde o mês de Agosto de 2005. Não foi por acaso que eu elaborei uma teoria há algum tempo de que meus anos não começam em Janeiro, mas sim em Agosto ou Setembro. Após um fim de 05 bem produtivo, renovei-me completamente no segundo semestre do ano passado, contornando a arrogância patética que me caracterizou nos 7 primeiros meses de 2006 - a qual, por sinal, está bem evidenciada nos textos da época.

-> Li escritos de muitos autores fantásticos: George Orwell, Nietzsche, Goethe, Rimbaud, Baudelaire, Roland Barthes, Sartre, Jack Kerouac, Ginsberg, Dostoiévski, Franz Kafka, Álvares de Azevedo, Erasmo, Clarice Lispector, Cícero, Aristóteles, Cunningham, Sêneca, Aristóteles, Schopenhauer, Mises, Milton Friedman (aliás, sobre estes dois últimos falarei mais nos próximos textos) etc. Pelas minhas contas, li mais de 70 livros (sendo, felizmente, a massacrante maioria formada por ótimas obras) desde Agosto do ano retrasado.

-> Comecei a ouvir várias bandas nos últimos 24 meses, as quais são provavelmente 80% das minhas prediletas: Joy Division, New Order (inclusive estive em um dos shows deles no Brasil no ano passado, o qual foi caracterizado por mim na época como o... "melhor dia da minha vida", rs), The Cure, Smiths, My Bloody Valentine, Primal Scream, Violeta de Outono, Los Hermanos, Ira!, Cansei de Ser Sexy, Oasis, Pavement, Stone Roses, Talking Heads, Smashing Pumpkins, Duran Duran, Chemical Brothers, Daft Punk, Prodigy, Blondie...

-> Quanto à política, estou cada vez mais convicto do que defendo, e mais livre e desimpedido para estudar as mais diversas opiniões e posturas. Minha migração para o pólo direito do espectro ideológico foi bem-sucedida e agradável. Quem diria, o garotinho que se auto-proclamava "socialista democrático" até as primeiras semanas de seus 15 anos já está há bastante tempo ligado aos libertários e liberais!

-> Fundei uma corrente filosófica em Setembro/06, o Anfisismo, com uma proposta de criar uma linha de pensamento que pudesse permitir uma relação entre idealismo, individualismo, perspectivismo, cinismo e existencialismo. Os "ismos" demonstraram-se menos sectários do que o esperado nesta fusão elaborada por mim. Confio em progressos no futuro de minha filosofia.

-> Consegui até passar no vestibular 2/2007 da UnB para Ciência Política, embora não pudesse entrar pelo fato de ainda não ter concluído o ensino médio. Acredito até que meus familiares, colegas e amigos ficaram mais felizes e contentes do que eu com o resultado. Ou a aprovação não é tão orgástica quanto aparenta ser, ou eu sou muito chato com estes pensamentos de que "não fiz mais do que a minha obrigação"!

-> Voltei a gostar de ler sobre videogames no início desse ano. Cheguei até a passar tardes inteiras conferindo estatísticas de vendas no VG Chartz. A Nintendo voltou ao topo, mas foi tão fácil que nem achei tão emocionante. Tudo bem que, frente a um PS3 com um preço abusivo e um X360 com os problemas das 3 luzes vermelhas, ficou fácil para o Wii crescer exponencialmente, mas esta 'guerra de consoles' começou menos equilibrada do que poderia ter sido.

-> Estou passando pela fase mais otimista e repleta de planos e sonhos de minha vida. Tudo vem ocorrendo de acordo com as minhas pretensões, e minha auto-confiança e força de vontade esmagaram supostos sofrimentos pelos quais eu teoricamente passaria nesta reta final de minha adolescência. De fato, o 17º ano de minha existência vem revelando ser tão fantástico quanto eu desejava que fosse.

Noto também que este texto foi um certo contraste ao tom mais auto-crítico e ácido de "Auto-consciência em momento oportuno". O que é compreensível, já que eu realmente precisava daquele tapa dado por meu superego antes de me recompor, rs.
Enfim, parabéns para você, Racio Símio! Que possamos comemorar mais aniversários nos próximos anos! Você é o diário/histórico/memorial de um período decisivo para Kaio Felipe, e seria excelente se continuasse o sendo. Quem sabe daqui a alguns anos você será reconhecido como "o registro do amadurecimento de um dos maiores pensadores do século 21", ou mesmo "um dos primeiros indícios da loucura egomaníaca que despedaçariam a sanidade de KF"?

It's been a long time...

... Fiz este post apenas para o próximo ser o 365º, rs. Ah, uma pequena citação para não deixar esta postagem tão supérflua: gostei do desempenho do Brasil no Pan. Claro que, com uma torcida mal educada e ufanista daquelas, ficava difícil não ganhar tantas medalhas, mas não vou tirar o mérito dos atletas, que conseguiram superar as dificuldades impostas pelo descaso e falta de verba e vontade política de muitas das supostas federações relativas aos esportes. Espero, mesmo assim, que a maioria deles consiga desempenhar um bom papel em Pequim-08, visando a provar que não são meros "desportistas bons de Pan".

22 julho 2007

Auto-consciência em momento oportuno

O Felipe já tinha um texto quase pronto, mas hoje é dia - na verdade, noite - de Kaio falar. Voltaremos à programação normal do blog, com um post em primeira pessoa. A propósito, a idéia lançada em "Almofadas e travesseiros" de escrever através de meu sobrenome como se fosse um heterônimo deu certo, e será utilizada mais vezes.

Quem leu um certo texto que eu escrevi em Maio sabe que eu estou na última etapa de minha adolescência. Segundo a cronologia kaionista, 17 anos é a idade central, o momento em que eu consolidarei definitivamente a minha personalidade, estabelecerei os paradigmas para a minha existência daqui em diante, necessitarei ter uma melhora substancial na qualidade de meus textos, leituras, oratória e retórica, entre outras coisas. É uma época decisiva e fundamental para que eu seja profundamente perfeccionista e ambicioso. Até a megalomania é mais aceitável do que não buscar os meus sonhos, projetos e objetivos.
Claro que ainda falta muito, mas muito para que eu sinta que já concluí 1% do que pretendo. É verdade, tive uma relativa estabilidade e tranquilidade nos últimos meses, com raros momentos de ansiedade e stress. Será, no entanto, que só isso será suficiente? Separarei umas dez coisas que ainda considero que deixam a desejar:

I - Livros. Comecei vários, mas só concluí 18 leituras nesse ano. Prometi para mim mesmo que leria ao menos uns dois nas férias, contudo terminei apenas um, pois ainda faltam 127 páginas para que eu acabe "A Náusea", e amanhã é meu último dia de recesso escolar! Isso sem citar os inúmeros autores que eu ainda não pude ler (ou li aquém do que deveria) nesse ano, por preguiça ou falta de tempo: Kant, Tolkien, Stuart Mill, Cervantes, Dante Alighieri, Montesquieu, Charles Darwin, Darcy Ribeiro, Michael Cunningham, Thomas Mann (agora que eu ganhei "A Montanha Mágica" de aniversário, preciso ler a 2ª metade da obra!), Nietzsche (já li uns 7 do bigodudo entre 2005 e 2006, mas ainda f
altam 3 ou 4 que eu comecei e não terminei)... Preciso também falar dos livros que ainda tenho que comprar? Vou a um sebo amanhã, espero que consiga encontrar alguns que procuro; além disso, já encomendei pelo Submarino "O Caminho da Servidão" (Hayek).
II - Estudos autodidatas. Consegui dar uma boa adiantada na Física Moderna no mês passado, porém ainda falta ler o segundo volume do livro "Para Iniciados, Interessados e Aficionados". Quanto ao Latim, dei uma parada há mais de três meses e até hoje não reiniciei! Poxa, só estudei 24 das 104 lições da Gramática Latina do Napoleão! Para piorar, estou estagnado nas minhas pesquisas e leituras sobre Psicologia, Relações Internacionais e Artes Visuais, sequer comecei o Francês e ainda falta muito para que eu me considere realmente capacitado no meu futuro curso, Ciência Política, para entrar na faculdade e arrasar corações e mentes! Aliás, não quis ser engraçado na frase anterior, só fiz tal comentário para esconder a paranóia! Argh!
III - Música. Preciso ouvir mais jazz e música clássica para deixar nos trilhos o meu gosto por ambos os estilos. Quanto ao rock e à eletrônica, felizmente já estou no ponto ideal.
IV - Videogames. Vivo comentando em fóruns de games, mas jogar que é bom... Estou desperdiçando o PlayStation 2 que tenho em casa, e consigo ter o inescrúpulo de desejar um Wii?! É o fim da picada!
V - Amor. Não, não estou querendo dizer que preciso namorar, mas sim preciso de uma definição mais clara do que pretendo com o (s) hipotético (s) relacionamento (s) que terei no futuro. Serei mais idealista ou liberal? Ágape ou Storge? Desejar uma companheira para completar-me ou que seja uma espécie de versão feminina de mim? Os meus neurônios responsáveis pela parte mais 'sentimental' do Anfisismo têm que se definir logo, oras!
VI - Cinema. Poxa, este é preocupante. Assisti a vários filmes ótimos nas férias, mas ainda é bem abaixo do que estabeleci como meta. Não estou querendo pagar uma de cult ou pseudo-intelectual; é que eu vejo como uma necessidade conhecer cinema suficientemente bem para extrair uma lição ou um ensinamento de cada película que eu ver. Algo do tipo "compreender a beleza que existe naquela cena, naquele personagem, naquela trama". Enfim, ter uma apreciação artística refinada, por mais inútil que isso seja!
VII - Política. Sim, continuo o mesmo nos últimos 22 meses: libertário e com tendências de centro-direita. Mesmo assim, preciso enriquecer isso. Já que sou um livre pensador, preciso encontrar idéias interessantes e sensatas também nos outros 'times'. Nem que seja necessário conversar por horas a fio com anarquistas, socialistas, nacionalistas, conservadores etc., mas eu não posso ficar limitado às opiniões e noções que já tenho. É preciso ir além, expandir, ser um verdadeiro espírito livre!
VIII - Comportamento. Sou um egocêntrico quase incorrigível, e sei que posso incomodar as pessoas quando chego ao cúmulo de até escolher quais as músicas que vão tocar na hora do recreio no meu colégio (aliás, faço isso desde Fevereiro lá na escola, rs). Isso sem falar em outras idiossincrasias, como nunca achar que estou errado e ficar comentando e analisando os conteúdos durante a aula inteira, como se "pensasse alto" ininterruptamente.
IX - Escola. Já sei que vou insistir ao máximo para os coordenadores que deixem eu ficar dois meses como 'intercambista' do meu colégio lá no Poliedro. Se eu não conseguir, terei que replanejar completamente meu semestre. Do contrário, terei mesmo assim uma grande responsabilidade pela frente; tal aquisição de experiência de vida e independência afastar-me-á por dois meses de minha cidade natal, de minha família, de meus amigos... Isso sem falar no ritmo de estudos intenso que eu terei se for lá para São José dos Campos. Será que eu conseguirei mesmo lidar com isso, ou minha retórica excessivamente auto-confiante é uma fraude?
X - Elaboração das idéias anfisistas. Tudo bem que ainda não tenho dinheiro e patrocínio para escrever um livro, mas isso não é motivo para parar de fazer textos que explicassem no que consiste o Anfisismo. Nem me dei ao trabalho de fazer algo mais epistemológico ou mesmo um artigo informal que tivesse algumas linhas de raciocínio. Tudo bem que meu objetivo ao criar o ideário anfisista não é fazer filosofia à moda antiga (ou seja, tenho aversão a algo ultra-dogmático), mas que custaria a mim usar o ócio criativo para organizar melhor o Anfisismo? Ele vai completar um ano de criação em Setembro, Kaio! Wake up, stop being so tedious!

Ufa, acabou a sessão de auto-crítica. Bem, pelo menos por enquanto... Assim como o da carta na garrafa, usarei este texto que acabo de encerrar como uma espécie de manual para orientar-me sobre meus acertos e erros no decorrer desta nova etapa de minha juventude.

19 julho 2007

Almofadas e travesseiros

Felipe está aliviado. Após seis dias, a sua vontade de escrever havia retornado. Demorou mais do que ele imaginava, visto que está em período do recesso escolar, o que poderia lhe permitir um maior tempo disponível para redigir seus textos. Mesmo assim, ele não nega que foi preciso, uma vez mais, a ajuda de alguma expressão artística para que ele pudesse sentir-se inspirado. Na última oportunidade, foi um filme francês; desta vez, foi um livro da mesma nacionalidade.
Felipe está lendo “A Náusea”. Ele finalmente terminou a leitura de uma obra de Ciência Política que estava enrolando para terminar desde o fim do mês passado. Ele já leu dois livros de Sartre: um mais técnico (“Esboço de uma Teoria das Emoções”) e o outro, em forma de romance (“A Idade da Razão”). O rapaz gostou do estilo do filósofo, principalmente pelo intimismo e forte densidade psicológica demonstrados. “A Náusea”, pelo menos na impressão inicial de Felipe – ou seja, até a pág. 35 -, é uma obra instigante, melancólica e questionadora. De fato, é completamente possível ensinar filosofia através de romances.
Felipe está só, mas não se sente solitário. Organiza o seu dia-a-dia de um jeito que nunca veja a necessidade de uma companhia, tampouco se sinta entediado. A alternância entre a televisão, o computador, os livros, a música, a comida, o sono e os monólogos conseguem mantê-lo sob uma sensação de relativa felicidade. Ainda assim, ele não deixa de admitir que já está morrendo de saudades da escola, a ponto de sonhar na noite passada que estava atrasado para a aula (aliás, esta é uma de suas maiores paranóias) e até mesmo “chorar” no decorrer do processo onírico.
Felipe está começando a realmente gostar de cinema. Se, até tempos atrás ele via bons filmes apenas com o intuito de arrogar-se de tê-los visto, agora ele já entende a sétima arte como algo realmente interessante e apaixonante. A trilogia das cores de Keslowski realmente o impressionou: “A Liberdade é Azul”, com seu tom amargo e repleto de epifanias, é o seu predileto; “A Igualdade é Branca” agradou a ele pelo tom sarcástico, ácido e peculiar que sua narrativa adota; já “A Fraternidade é Vermelha” é mais sereno que os outros dois, embora não deixe a desejar em capacidade de reflexão e crítica, além de contar com um final surpreendente e genial.
Felipe está com vontade de falar sobre “Dogma”, mas acredita que é mais interessante deixar suas impressões sobre o quarto filme de Kevin Smith apenas quando for escrever um texto sobre religião, até mesmo porque esta é a principal temática da película. Quanto a "Irreversível", ele também o deixará para outra oportunidade.
Felipe está satisfeito com a E3 deste ano, ao contrário de outros gamemaníacos com quem ele conversou pela Internet (ou Firefox, no caso dele) afora. Para a sua surpresa, a Sony fez a melhor apresentação, mostrando vários jogos promissores, dentre eles Metal Gear Solid 4, LittleBigPlanet, Heavenly Sword, Resident Evil 5, Uncharted, Gran Turismo 5 etc. A Nintendo e a Microsoft fizeram apresentações mais conservadoras: esta focou-se nas exclusividades e, é claro, em Halo 3, e aquela aposta em blockbusters para os hardcores (Super Mario Galaxy, Super Smash Bros. Brawl, Metroid Prime 3, Mario Kart Wii...) e uma boa novidade para o público casual (Wii Fit). No geral, o rapaz constata que o novo formato da feira de games tenha dificultado apresentações mais ousadas, mas acredita que o mercado terá várias novidades até o fim do ano fiscal, em março de 2008.
Felipe é colunista em um site. Segundo ele, os que visitarem Pré-Fabricando encontrarão vários bons textos sobre cultura, sociedade e atualidades, além, é claro, de um artigo dele intitulado “A boa e velha batalha ideológica: vermelhos x azuis”. Tal texto, aliás, já foi publicado em Racio Símio há seis meses, mas Felipe atualizou e melhorou ele, embora ainda continuem intactas as suas idiossincrasias, inclusive a pior delas: a prolixidade.
Felipe está em estado estático, embora isso não signifique muita coisa além de um pleonasmo intencional e sem graça.

17 julho 2007

Planificação

E3. VH1. A final da Copa América. O Pan-Americano 2007. "A Igualdade é Branca". "A Fraternidade é Vermelha". "Dogma". "Irreversível". Alguma banda que eu esteja ouvindo bastante.

Estes são alguns dos assuntos sobre os quais eu pretendo falar no (s) futuro (s) post (s). Não o farei no de hoje porque ainda estou com o bloqueio criativo que vem me atrapalhando há vários dias. Talvez ele esteja ocorrendo porque estou muito ansioso por escrever vários textos pro blog, e essa auto-pressão emperra a minha criatividade. Talvez o que eu deva fazer é relaxar, e esperar a inspiração "aparecer", "fluir".

Ah, uma observação antes de terminar o texto: as minhas férias estão até legais. A rotina TV + PC + livros + jogar futebol sozinho no quintal demonstrou-se menos entediante do que foi em férias passadas. Ainda bem... Adiós.

13 julho 2007

Blue, azul, bleu, freedom, liberdade, liberté

Sim, você já deve ter notado que eu ainda estou sob os efeitos do primeiro filme da famosa trilogia das cores do diretor Kieslowski, "A Liberdade é Azul". Talvez eu ainda comente sobre ele no decorrer deste post.

Hoje é dia do Rock. Ah, falo sobre isso mais tarde.

Posso discorrer sobre outros dois filmes que eu vi nas últimas 26 horas e adorei: "Barbarella" e "Politicamente Incorreto". Hum, agora não.

Será que eu falo sobre o resultado da UnB que vazou antes da hora, o qual confirmava que eu passei em Ciência Política? Pode até ser, mas acho melhor esperar pela ratificação através do resultado "oficial", que sairá hoje, às 15h, e não contar pra ninguém (exceto para o blog, que felizmente não tem leitores; isso significa que não há a possibilidade de amigos meus na 'vida real' espalharem a notícia de que eu fui aprovado na UnB. Ufa!).
[Atualização feita no post às 15:28 do dia 13 de Julho: pois é, passei mesmo, mas estou bem menos feliz e eufórico do que esperava. Estou até mesmo indiferente, rs]
Levando-se em conta o medo de não passar no vestibular "pra valer" que farei em Janeiro do ano que vem, assim como a inevitável pressão psicológica extra pela qual passarei se realmente tiver passado, indubitavelmente eu não me sentiria confortável ao dar tal notícia. Se eu passei, que maravilha, mas não é algo que realmente me surpreenda. Não estou sendo arrogante, apenas acredito que as coisas são como eu disse certa vez no blog: passar na prova era um mero mecanismo antes das minhas reais conquistas, que serão obtidas através dos estudos, projetos e planos que farei na universidade.
Além do mais, eu nem fui tão bem na prova
quanto poderia ter ido... deixem muitas questões em branco (45, sendo 43 no "dia das Exatas"), errei muita besteira... minha ansiedade impediu-me de conseguir um resultado que realmente me orgulharia.

Pronto, assunto 1 concluído. Ah, havia mais um que eu deveria ter listado no início do texto... é que eu tenho que escrever nas próximas horas um texto para um site no qual eu tenho uma coluna mensal, o Pré-Fabricando. Ele foi criado por colegas meus que estudam na UFG, e um deles me convidou para escrever artigos sobre Política uma vez por mês lá. Pois é, estou há duas semanas "esperando" ter criativdade e idéias para o bendito (ou maldito, depende do referencial) texto! Até agoras, necas, mas pensei que teria tal insight ontem à noite (ou, trocando em miúdos, há menos de 3 horas).

"Politicamente Incorreto" foi uma das mais mordazes e ácidas críticas sócio-políticas que eu já vi em um filme. Dirigido e protagonizado por Warren Beatty, a obra tem como enredo a 'saga' de Bulworth, um veterano senador pela Califórnia, que está atrás nas pesquisas eleitorais e vive um momento delicado de sua vida, tendo inclusive que fazer concessões a grupos econômicos poderosos, como seguradoras, para financiar a sua campanha. Cansado de tal apatia e decadência, ele resolve mudar radicalmente sua vida. Não vou contar algumas das mudanças que ele fez, pois elas revelariam parte do final do filme, mas a principal delas foi comportamental:
ele passou a ser o mais sincero possível em seus pronunciamentos e discursos, do jeito mais cínico e honesto possível. Tal porra-louquice estende-se a outras coisas, inclusive fumar maconha, fazer raps e flertar com uma ativista afroamericana, Nina (Halle Berry).
Inicialmente, seus assessores ficam desesperados e preocupadíssimos com o novo Bulworth, mas começam a gostar do eleitorado quando notam que a imprensa e o eleitorado estão positivamente surpresos com o senador, e que as chances de ele ganhar as eleições são bem maiores. Bulworth, em meio a todas as maluquices e exaltações, vive preocupado com um matador de aluguel que estaria atrás dele. Tal suspense combina perfeitamente com o tom de comédia inteligente que "Politicamente Iincorreto" assume.
Adorei o filme, e recomendo-o para todos que queiram assistir a uma película extremamente reflexiva, sarcástica e ousada. Isso sem falar em uma frase brilhante que é dita por um certo mendigo em várias cenas, e que soa como a 'moral' da história: "Você tem que ser um espírito, e não um fantasma".

Agora, falarei sobre "Barbarella". Descobri esse filme graças a uma das minhas bandas prediletas, o Duran Duran, que tirou seu nome do cientista maluco do filme.
Provavelmente eu nunca vi um filme tão ambíguo, sutil e tão monomaníaco quanto ao assunto sexo. Mesmo não havendo nudez explícita, a quantidade de diálogos e cenas bem sugestivas é gigantesca! Talvez seja por isso que eu tenha visto muito por aí o rótulo de "ficção científica erótica", que realmente aponta qual é o estilo de "Barbarella". Estrelado por Jane Fonda, a obra é de 1968, e provocou perplexidade na época; talvez seja por isso que tenha sido tão mau recebido pela crítica. Só foi em meados da década seguinte que ele passou a realmente ser reconhecido e valorizado, e sua importância cultural tão notória foi percebida.
A liberdade sexual de Barbarella, fruto de sua "ingenuidade maliciosa" e libido absurdamente elevada, é um dos destaques. Também o é o comportamento dos habitantes do planeta no qual ela, que é uma astronauta, foi parar, graças a ordens do presidente da Terra (!) para impedir os planos do dr. Duran Duran; este, a propósito, tinha criado um perigoso e poderoso raio positrônico, que poderia permitir a ele dominar o Universo. Outros personagens, como o "anjo" Pygar e a Grande Tirana, também têm importância na história.
Não nego que fiquei muito surpreso ao ver tantas resenhas negativas sobre "Barbarella" pela internet afora. Isto poderia indicar que 1. Eu tenho mau gosto pra cinema, ou 2. O filme é subestimado e incompreendido por críticos ranzinzas, frígidos e mal amados. É óbvio que a segunda opção é mais sensata, portanto, recomendo a todos (especialmente os que, assim como eu, adoram Duran Duran) que assistam a esse clássico da ficção científica. Pode até ser trash, mas não deixa de ser cult!

Sobre o dia do Rock, deixo que sites e blogs mais apegados a datas façam especiais e matérias bacanas para vocês lerem. Racio Símio só citou a data para não deixar as coisas totalmente em branco, até porque o post é sobre a cor azul.

Falando em azul- péssimo link de assunto, hein? -, acho que é hora de falar sobre "A Liberdade é Azul".
Nem sei por onde começar, visto que ainda estou entorpecido pelo grande filme que acabei de ver. Acho que vou fazer algumas considerações que possam demonstrar o que eu vi e gostei.
O azul, é claro, aparece constantemente. Provavelmente vocês já devem ter notado que está e a minha cor predileta, portanto, a minha identificação com o filme foi ainda maior. A cor perfeita para demonstrar dor e alegria, melancolia e liberdade aparece em piscinas, enfeites, paredes, roupas, luzes... é quase uma ciano-overdose!
Outro motivo para que eu adorasse "A Liberdade é Azul" foi o fato de que meu (s) nome (s) favorito (s), Júlio/Júlia, aparecerem no nome da personagem Julie e no de Juliette Binoche, a qual a interpreta. Ela, aliás, foi perfeita e impecável em sua atuação. O telespectador nota claramente a personalidade sombria, sutil, soturna e amarga que Julie adquire depois da morte de seu mariado, um famoso maestro e compositor e sua filha única, em razão de um acidente automobilístico ao qual ela sobreviveu.
A maneira como a trama se desenvolve é extremamente peculiar e envolvente, com direito a epifanias toda vez que a tela fica preta. Clarice Lispector adoraria, hehe. A quantidade de símbolos repletos de significados também é um dos destaques, tanto em objetos quanto em certas cenas.
Não vou me estender muito nesta mini-resenha, mas creio que ainda tenho que falar na concepção de liberdade apresentada por Kieslowski. Pelo que eu pude compreender, é uma liberdade baseada na reconstrução da vida após uma tragédia, com uma mistura de abnegação, minimalismo, prestar atenção nos pequenos detalhes, maior sensibilidade, não fugir do passado e sim resolver suas pendências, reafirmar sua individualidade e autodeterminação... enfim, isso e muito mais. É uma liberdade moldada pelo foro íntimo, e não aquela mais 'tradicional' e coletivista, tão divulgada e pouco praticada.
"Você é o que quiser". Talvez seja esta uma das mensagens que o filme passa. Ou não.

08 julho 2007

Rádios em dissintonia

Cabine C é muito, muito bom mesmo. Comecei a ouvir semana passada, e já considero o único álbum deles ("Fósforos de Oxford") como uma das obras-primas do rock nacional na década retrasada. O som essencialmente soturno e melancólico da banda tem como destaques os versos e vocais amargos de Ciro Pessoa (um dos fundadores dos Titãs) e o baixo envolvente de Anna Ruth. Destaque para as faixas "Pânico e Solidão", "Lapso de Tempo", "A Queda do Solar de Usher", "Neste Deserto" e a minha predileta, "Jardim das Gueixas".

Ainda sobre música, ainda não baixei os novos discos de Interpol e Smashing Pumpkins, mas fiz hoje o download de "Icky Thump", o mais recente CD dos White Stripes. Gostei muito do que ouvi, embora ainda mantenha a posição de que eles jamais conseguirão superar a perfeição que alcançaram em "White Blood Cells" e "Elephants". De fato, "Icky Thump" é competente, experimental e criativo, e mantém a qualidade que é constante à discografia 'whitestripeana'. Não ouvi o álbum vezes o suficiente para separar as minhas favoritas, mas assim que o fizer, voltarei a falar dele aqui no blog...

Momento esportivo. Na Fórmula 1, Felipe Massa fez uma corrida espetacular, largando em último para chegar em quinto. O outro ferrarista, Kimi Raikkonen, também foi muito bem e superou Alonso e Hamilton com velocidade e táticas melhores quanto aos pit stops. Ele, que até meados do mês passado era vítima dos boatos e críticas das mais maldosas, já está com 52 pontos, dezoito a menos que Lewis. Este, aliás, cometeu o seu primeiro 'erro' na temporada, ao se precipitar na saída de sua primeira parada. Galvão Bueno, mala e insuportável como sempre, comemorou à beça, visto que já estava bancando o pé frio do piloto da McLaren há um bom tempo... ao que parece, o narrador mais chato do Brasil finalmente conseguiu concretizar seu mau olhado, hehe. A propósito, Fernando Alonso soma 58 pontos e Felipe Massa, 51.
Na Copa América, Brasil e México se aproveitaram das fragilidades de seus adversários e fizeram goleadas que podem até iludir os mais exaltados. No caso dos mexicanos, eles contaram com os goleiros paraguaios: Bobadilla, porque foi expulso após cometer um pênalti infantil em Castillo, e Zayas, pois falhou em pelo menos dois dos 6 gols feitos pelo México. Quanto ao jogo dos tupiniquins contra os chilenos, a equipe de Dunga se aproveitou das crises e problemas internos da seleção do Chile, que deixaram eles bem debilitados e sem chances de reação, para golear por 6 a 1. Não que eu esteja tirando o mérito destes dois semifinalistas, mas as vitórias de ambos foram baseadas bem mais na virtú do que necessariamente em um futebol impecável.
Já a Argentina e o Uruguai fizeram atuações competentes e sem grandes riscos, despachando Peru (4x0) e Venezuela (4x1), respectivamente. As semifinais prometem ser emocionantes, e não tão fáceis para os 4 classificados quanto foram estas quartas-de-final.

Na madrugada de ontem para hoje, tive conversas bem profundas com uma amiga minha através do MSN, e um dos assunto mais discutidos foi religião. Pude aprimorar bastante as minhas idéias e opiniões sobre esta temática tão, digamos, abstrata e relativística durante a minha argumentação (em outras palavras, foi conversando que eu organizei meu pensamento). Percebi que o Anfisismo mescla várias correntes de pensamento nesse aspecto, como o agnosticismo (a minha mais provável postura quanto a religiões), o ateísmo, o satanismo (pelo menos quanto à idéia da individualidade exacerbada), o humanismo, o budismo etc. Assim que eu estiver mais inspirado, faço um texto mais profundo e completo sobre este assunto.

Ontem eu fui no Flamboyant, o maior shopping de minha cidade, em busca de bons livros. Fiquei perplexo quando notei que, das 7 opções que eu tinha em mente, só achei (e comprei) uma: a edição da Martin Claret de "A Origem das Espécies", de Charles Darwin. Espero encontrar em breve (quem sabe até em um sebo, se necessário for) obras como "Fahrenheit 451", "Laranja Mecânica", "Introdução às Relações Internacionais: Temas, Atores e Visões" e "Morte em Veneza"...

05 julho 2007

Considerações não-extemporâneas

Crise aérea: é como diria o presidente da Working Designs - "Atrasos são provisórios, a mediocridade é eterna!"

Copa América e a campanha do Brasil: Se o futebol burocrático apresentado pela seleção nesta Era Dunga repetir a única coisa boa da penúltima Era Parreira (ou seja, o título na Copa de 94), então eu não ficarei tão incomodado de ver 3 volantes, uma equipe que parece só jogar por resultados, uma defesa ainda pouco confíavel e um ataque 'robinhocêntrico'. Se o Brasil ainda ganhar estar Copa América, pelo menos até o momento eu diria que não seria por mérito próprio, mas sim pela incompetência de Argentina, Paraguai, México etc.!

Férias escolares (ou Recesso, para os cínicos): já estou com saudades da escola! É um mal sinal estar tão à toa a ponto de escolher entre ler um livro de Ciência Política (muito bom, por sinal!), assistir a "The O.C." e "Married... With Children" ou até passar horas no PC visitando os mesmos sites de sempre.

Casos Renan Calheiros e Roriz: há tempos que eu esperava pela queda das máscaras destes dois picaretas. Pena que a coisa ficará por isso, visto que ambos conseguirão, mesmo que daqui a algum tempo, se safar dos escândalos. Roriz, por exemplo, 'troca' votos por doação de terras e assentamentos, e tem boa parte do DF e entorno comendo na sua mão. Meu único (e provavelmente insuficiente) consolo é saber que a mídia ao menos mostrou algumas das falcatruas dos dois peemedebistas...

CDs novos de boas bandas: assim que eu tiver paciência, baixarei os discos recém-lançados do Interpol e do Smashing Pumpkins. Torço para que, ao menos no caso daqueles, o álbum consiga superar as expectativas. Quanto às abóboras incríveis, contento-me com pouco, pois a banda jamais conseguiria igualar a sua maravilhosa discografia dos anos 90. Só por ter retornado já é alguma coisa para se comemorar.

O mercado de videogames de nova geração: quem diria, já estou incomodado com o fenômeno Wii. A vantagem nas vendas em relação ao X360 e ao PS3 já é tão expressiva que temo que a Nintendo repita o monopólio que chegou a ter até meados da década passada. Só para vocês terem uma idéia, o Wii está vendendo mundialmente em média 3 vezes a mais que o Xbox 360 e 4 a mais que o Play 3. A distância entre a base instalada para a plataforma da Microsoft, que era de aproximadamente 5 milhões em Janeiro (X360 8,0 x Wii 3,2), já está na casa de 1,3 milhões (10,1 x 8,8). Enquanto isso, a terceira geração do PlayStation só conseguiu pífias 3,6 milhões de unidades vendidas até agora.
Mesmo assim, os verdadeiros lançamentos de peso (Halo 3, Metroid Prime 3, Smash Bros. Brawl, Super Mario Galaxy, GTA IV, Devil May Cry 4 etc.) só começarão a chegar a partir de Agosto. Será que o cenário da guerra dos consoles será alterado, ou o Nintendo Wii continuará arrasando a concorrência e fazendo dobradinha com o portátil DS?

FOX 100% dublada: ao que parece, a FOX vai dublar todas as sua atrações, sob a alegação de que seus telespectadores preferem programas dublados aos legendados. No meu caso, tal medida não fará muita diferença, porque só assisto aos desenhos animados dela (Simpsons, O Rei do Pedaço, Futurama etc.), então... este foi um tópico bem inútil, hehe.

Para encerrar: torço para que os próximos três dias sejam bem menos ociosos quanto foram os últimos três! Au revoir!

03 julho 2007

D'you know what I mean?

Oba, as férias permitem a mim voltar a fazer posts em prosa espontânea.
Há tempos que eu não faço algo assim em Racio Símio, até porque o meu primeiro semestre foi muito mais recheado de atividades e estudos do que eu esperava. Se eu já estava achando um absurdo ficar três dias sem postar, cheguei ao cúmulo de só ter 3 textos publicados em Junho! Por um lado foi bom ter tirado essas férias forçadas, até porque fui bastante produtivo na escola quanto nesta primeira parte de 2007; mesmo assim, eu não deixava de ficar incomodado por 'abandonar' o meu domínio internético. RS já é indubitavelmente minha mais bem-sucedida empreitada como blogueiro, algo que eu almejava há 5 anos, mas não seria por isso que eu passaria a negligenciar o meu espaço para monólogos.

Não nego que tive uma certa evolução nos últimos meses. Minha essência, como o próprio nome sugere, continua intacta, mas eu pude aparar certas arestas de minha personalidade e, por tabela, de meu cotidiano. Naturalmente fui deixando coisas como MSN, TV, preguiça, pipoca de microondas, revistas de games antigas e individualismo intransigente de lado. O Kaio que foi sendo moldado abandonou quase todos os resquícios de "adolescência nerdística" que ele possuía até então. Dando uma de pretensioso, ele afirma até que, ao contrário de "Anarchy in the U.K.", ele sabe o que quer e também como obtê-lo. Ainda estou cético quanto a todo esse otimismo que ele exala, embora prefira tal postura do que uma melancolia niilista.

Em uma coisa ele ainda é o mesmo: as artes instigam-no a ter reflexões e maior força de vontade para tomar atitudes. Desde seus livros de filosofia e política (aliás, alguns já separados para ler nestas férias) até uma comédia adolescente que ele viu hoje ("Aprovados"), ele não nega que toda forma de arte é uma fonte de inspiração, esperando para ser notada.
No caso do filme, ele consegue fugir de vários estereótipos do gênero, como a apelação à baixaria (traduzindo, não há cenas de nudez, nem mesmo parcial, tampouco escatologias e nojeiras à la American Pie!) e os enredos rasos e descartáveis. O espectador pode até notar cutucadas e críticas à ortodoxia das universidades americanas, o descaso do Estado e dos pais com a criatividade e o entusiasmo de seus filhos, as estúpidas tradições e convencionalismos universitários, a burocracia que desestimula iniciativas inovadoras etc. Além disso, há uma forte apologia à independência e à inventividade dos jovens, através da idéia de uma universidade autogerida por rejeitados em faculdades 'de verdade'.
Gostei muito de "Aprovados", que me mostrou que ainda há vida inteligente nos ditos 'teen movies' dos EUA. Isso sem falar que a película transmitiu algo para o que eu já me despertara há algum tempo: a luta por mudar a educação a partir da ação do indivíduo. Faço isso desde minha infância, mas foi na sétima série que consolidei isso, quando comecei a questionar o meu colégio quanto à necessidade de um conselho estudiantil. As propostas que fiz variaram da crítica às apostilas Positivo (8ª série) até a idéia de rever a carga horária para melhorar o rendimento dos alunos (3º ano), mas sempre como o mesmo espírito de participação política, mobilização e reinvidicação por mudanças.
Não gosto só da política dos livros ou dos Outubros de anos pares, mas sim daquela feita no dia-a-dia. O verdadeiro politizado não precisa necessariamente de ingressar em uma ONG, partido político ou coisas do gênero para ser ativo na questão à qual se propõe. Posso ter defendido até hoje causas insignificantes perto das que permeiam a humanidade, mas foi (e será) a partir delas que eu poderei batalhar por objetivos maiores e mais 'impossíveis'.

Ok, após todo esse discurso panfletário, é hora de dar tchau. Arrivederci!

01 julho 2007

A dilatação da espera

- Barthes estava certo, certíssimo ao retratar a espera em seus "Fragmentos de um discurso amoroso". É incrível como este tipo de situação é tão agonizante, pois, ao mesmo tempo que terei uma recompensa se continuar esperando, parece que os segundos viram anos e os minutos, séculos!
Carlos estava falando sozinho na entrada do shopping, enquanto esperava Suelen. O garoto, se lhe fosse permitido, passava horas e mais horas monologando sobre os mais diversos assuntos. Desta vez, no entanto, havia uma monomania, um tema que não saía de sua cabeça: Suelen. Carlos tinha medo de que esta fosse apenas mais um de seus amores platônicos (segundo as contas dele, ela seria a 4ª), os quais ficaram apenas na idealização e na unilateralidade.
- Se há alguma coisa da Física Moderna que se pode aplicar aos relacionamentos, estamos falando da dilatação do tempo. A pessoa que espera, em sua inércia angustiante, parece sentir o relógio se adiantar, e nada daquele (a) com que se encontrará chegar! Este (a), aliás, deve estar em um trem distante na velocidade da luz, pois parece que só se atrasa, nunca consegue ser simultâneo, pontual!
Ele não se importava quando alguma pessoa que passasse lá pela entrada se espantasse quando o visse andando e tagarelando. Carlos nunca escondeu de ninguém que tinha vocação para filósofo, algo como os peripatéticos aristotélicos, que fiosofavam enquanto andavam pelos jardins da escola. Não era porque estava só que o garoto deixaria essa idiossincrasia de lado. Além do mais, já passava das 19 horas e nada de Suelen.
- Talvez eu já pressentisse que não ia dar certo. Fiquei meses e mais meses observando-a na sala de aula, mas sem nunca tomar uma iniciativa. Agora que estamos na faculdade, embora em cursos diferentes, passei a conversar com ela não só sobre o trivial - música, política, cinema etc. - , mas também sobre coisas que eu jamais diria a ela no ano passado. Coisas como amor, solidão, futuro, sonhos, amizade... Suelen, mesmo sendo quase um ano mais velha do que eu, parece ser muito mais madura. Posso até ser mais culto que ela, mas com certeza levo de lavada em experiência de vida.
Carlos, prolixo como sempre, estava "recontando" os fatos do relacionamento.
- Pensando melhor,
não vou ser tão auto-indulgente assim: ela é tão culta quanto eu. Afinal, se não fosse, jamais iria ao cinema comigo na semana passada, quando finalmente notou o quanto eu gostava dela. Felizmente, ela não quis destruir o meu platonismo, e marcou este segundo encontro para me conhecer melhor. Porém, acho que ela deve ter mudado de idéia, pois já estou esperando-a há quase duas horas, e nada! Mesmo assim, continuarei resmungando em minha solidão.
- Você realmente achou que eu me esqueceria de você? Logo a pessoa que nunca teve finais felizes que fossem verossímeis, tampouco histórias com alguma expectativa e tensão no suposto clímax? Pois bem, desculpe-me pela demora, estava no salão me arrumando para o encontro. Obrigada por ter me aguardado, querido!
Era Suelen.

[Esta foi a minha última redação do semestre. A proposta que eu escolhi pedia uma narração sobre a espera. Tirei 99 em razão de ter escrito "tomar uma reação" no 5º parágrafo, o que me custou um décimo na Modalidade Padrão.
Foi um dos textos que eu mais gostei de escrever neste ano, não só porque ele é tipicamente kaionista, mas porque o redigi em meia hora, minutos antes de ir para a escola na 5ª feira. O original é praticamente idêntico à versão deste post, salvo algumas poucas correções que fiz, inclusive uma no errinho que me custou um 100. Até a próxima!]